segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Admirável Mundo Novo: Fábula Científica ou Pesadelo Virtual?

O  cientificamente possível é eticamente viável? O Admirável Mundo Novo, escrito por Aldous Huxley em 1931 é uma “fábula” futurista relatando uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas. Não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento; a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química e ortodoxias e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono. Olhando o presente, podemos imaginar um futuro semelhante em termos de avanços tecnológicos. Será ele de excessiva falta de ordem, da ordem em excesso preconizada por Huxley  ou já vivenciamos o pesadelo virtual de Matrix, a fábula cinematográfica atual ?

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Ano I - Nº 01 - Maio de 2001 - Bimensal - Maringá - PR - Brasil - ISSN 1519.6178


"Assim, por quê essa sociedade civilizada aje de tal forma na história de Admirável Mundo Novo?! E por quê, ao menos em tese, ela funciona tão bem, e todos lá são “felizes” (pelo menos a maioria)? As razões são bastante simples e extremamente sensatas (pelo menos em teoria). Vejamos:
  1. Não há relacionamentos (emocionais) duradouros de qualquer tipo. Não há envolvimento passional (homem x mulher, etc.), não existe o conceito de família, ou seja, não existem pais, mães, irmãos, e assim por diante. Dessa forma, não há possessividade entre os indivíduos. Ninguém tem motivos para sentir ciúme, nem inveja amorosa, nem razões para atitudes protetoras com outras pessoas. Em suma, ninguém se zanga nem briga por amor, ninguém sente a necessidade de impressionar ninguém. Todos tem envolvimentos sexuais passageiros e estimulam-se mutuamente a procurarem novos parceiros. Ninguém fica sem carinho, sexo, prazer.
  1. Não há mobilidade entre as castas e cada casta tem sua função específica na sociedade. A consequência, novamente, é não haver ambição, nem competitividade, nem ninguém tentando puxar o tapete de ninguém. Não há cobiça, pois cada um tem seu papel, e por não haver mobilidade social, ninguém fica se preocupando em subir degraus da sociedade. Os envolvimentos sexuais apenas se dão entre pessoas de castas próximas, ou seja, novamente ninguém tem a necessidade de impressionar ninguém. E o trabalho é feito, a sociedade funciona, e não há guerras, pois ninguém tem a ambição de mais poder, nem mais dinheiro, nem mais amantes.
  1. Não havendo razões para haver frustrações e com uma sociedade extremamente funcional e organizada, não há fundamento lógico ou emocional que justifique as guerras, nem os crimes. Todos tem suas funções, empregos, ninguém passa fome, nem dificuldades. Todos são felizes, pois enxergam essa realidade como a convenção social corrente, ou seja, o normal. Nada lhes falta."