quinta-feira, 11 de junho de 2009

Do Perdão e Outras Grandezas

Já há um certo tempo atrás eu falava com um amigo meu – em um final de semana que passei em casa sua – e falávamos sobre perdão; contextualizando nossa conversa em um jogo de RPG chamado “Vampiro: A Máscara”, mais especificamente em um suplemento do jogo intitulado “O Livro de NOD” ( que seria uma espécie de ‘bíblia’ para os vampiros. Abaixo transcrevo o trecho no qual Caim – após haver sido expulso do Éden de NOD, embrenha-se ainda mais nas terras ermas e encontra a primeira esposa de Adão: Lilith; que lhe ensina como despertar seus poderes dormentes…

perdono

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A Tentação de Caim

E para a Escuridão veio uma luz-fogo brilhando luminoso à noite.
E o arcanjo o Michael se revelou para mim.
Eu era destemido. Eu perguntei o que ele queria.

Michael, General do Céu, portador da Chama santa, disse para mim.
“Filho de Adão, Filho de Eva, seu crime é grande e também a clemência de meu Pai é grande.
Você não se arrependerá do mal que você fez e deixará sua clemência lavá-lo para que fique limpo?”

E eu disse à Michael, “Não por graça [do Único Acima] mas por minha própria vontade que eu vivo, com orgulho.”
Michael me amaldiçoou dizendo
“Então, para que você caminhe nesta terra você e suas crianças temerão minha chama viva que morderá profundamente e saboreará sua carne.”

E pela manhã, Raphael veio de asas de lambent.
iluminando o horizonte, o guia do Sol, vigia do Leste.

Raphael disse “Caim de Adão, filho de Eva seu irmão Abel o perdoou de seu pecado você se arrependerá e aceita a clemência do Todo-Poderoso.”

E eu disse a Raphael “Não pelo perdão de Abel, mas pelo meu próprio perdão.”

Raphael me amaldiçoou, dizendo “Então, para que você caminhe nesta terra você e suas crianças temerão o amanhecer e os raios do sol irão queimá-lo como fogo onde quer que você se esconda. Esconda-se agora para o nascer do Sol não levar sua ira até você.”

Mas eu achei um lugar secreto na terra e me escondi da luz ardente do Sol.
Profundamente na terra eu dormi até a Luz do Mundo ser escondida atrás da montanha da Noite.

Quando eu despertei de meu dia de sono, eu ouvi o som de suaves asas avançando e eu vi as asas negras de Uriel estendidas ao redor de mim.
Uriel, ceifeiro, anjo de Morte, Uriel Sombrio que mora na escuridão.

Uriel falou quietamente a mim, dizendo “Filho de Adão, Filho de Eva o Deus Todo-Poderoso o perdoou de seu pecado.
Você aceitará sua clemência e me deixará levá-lo de volta, já não amaldiçoado?”

E eu disse a Uriel escuro alado.
“Não pela clemência de Deus, mas minha própria vontade que eu vivo. Eu sou o que eu sou, eu fiz o que eu fiz, e isso nunca mudará.”

E então, por Uriel o terrível Deus Todo Poderoso me amaldiçoou, dizendo
“Então, para que você caminhe nesta terra, você e suas crianças se agarrarão a Escuridão.
Você só beberá sangue. Você só comerá cinzas.
Você sempre será como você estava na morte.
Nunca morrerá, se mantendo vivo.
Você entrará para sempre na Escuridão, tudo que você tocar irá se tornar em nada até os últimos dias.”

Eu dei um grito de angústia a esta maldição terrível e rasguei a minha carne.
Eu chorei sangue. Eu peguei as lágrimas em uma xícara e as bebi.
Quando eu observei minha bebida pesadamente, o arcanjo Gabriel, Gabriel gentil.
Gabriel o senhor da Clemência, apareceu a mim.
O arcanjo Gabriel disse para mim, “Filho de Adão, Filho de Eva, vê: a clemência do Pai é maior que você sempre soube, agora há um caminho aberto, uma estrada de Clemência que você chamará de [Golconda] e fala para suas crianças disto para que seguindo esta estrada possam morar na Luz uma vez mais.”
E com isso, a escuridão foi erguida como um véu e a única luz eram os olhos luminosos de Lilith.
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Transcrevo-o exatamente como aparece no dito livro e aqui retomo o relato de minha conversa com meu amigo.

Me queixei que ‘Deus Todo Poderoso’ só enviou seus anjos após Caim haver aprendido – com Lilith – como sobreviver em seu exílio; en toda a sua desgraça, angústia e solidão.

Então meu amigo disse algo quer eu nunca havia parado para considerar: “O Perdão só é válido quando é pleno! É muito fácil oferecer perdão – e ainda mais fácil aceitá-lo – quando se está ‘na fossa’; quando se está fraco e combalido. O PERDÃO só possui valor real; quando ele é dado a quem tem plenas condições de compreedê-lo e aceitá-lo ou não. É necessário que haja verdadeiro e sincero ARREPENDIMENTO para que os atos de dar perdão, aceitá-lo e recomeçar a partir dele sejam realmente preciosos!”.

Jamais parara para considerar tal possibilidade, e a argumentação de meu amigo reduziu minha animosidade a este ‘evento’; embora tenha suscitado em minha mente mais perguntas que respostas. Mas um mérito isso possui: modificou RADICALMENTE minha interpretação de “PERDOAR”.

Obrigado!

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